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Pontos de Interesse

Galeria Ripícola

Constituída pelo alinhamento de árvores e arbustos ao longo das margens, a galeria ripícola marca a paisagem ribeirinha. Esta galeria arbóreo-arbustiva encontra-se adaptada a viver em solos muito húmidos, podendo mesmo suportar encharcamentos esporádicos nas cheias de maior dimensão.

 

As espécies arbóreas ripícolas autóctones formam comunidades que se caracterizam pela sua relativa constância, destacando-se nas margens do rio Lima associações florísticas de amieiros (Alnus glutinosa) e freixos (Fraxinus augustifolia Vahl), com presença de salgueiros (Salix atrocinerea Brot., Salix salvifolia Brot. e Salix alba L.), vidoeiros (Betula celtiberica), choupos (Populus spp. L.) e mesmo alguns carvalhos (Quercus spp. L.).

 

Segundo Almeida Fernandes (1999, pp. 14 e 15) o próprio topónimo Meadela será indiciador da importância dos amieiros nas margens do Lima. De acordo com este autor, a forma mais antiga conhecida do topónimo Meadela remonta a meados do século XIII: Ameedela, referida nas Inquirições de D. Afonso III (1258). Ameedela deriva do latim amoena, de onde também provêm os topónimos Amial, Amedo, Ameda, Amido, Amioso e Amiosa e, claramente, Amieira e Amieiral. Designa um local onde terá existido uma pequena extensão, como induzido pelo sufixo – ella, da planta que em latim se dizia amoena, palavra de onde deriva o nome de amieiro. Meadela terá na origem designado um pequeno amieiral, mas suficientemente extenso ao ponto de impressionar os habitantes antigos, levando-os a aplicar ao local esse nome.

A galeria ripícola encontra-se, no entanto, descontínua, sendo fragmentada pelos usos agrícola, urbano e florestal. Encontramos, ao longo do nosso percurso, extensões bem conservadas, especialmente a montante do lugar de Barco do Porto, já nas freguesias de Cardielos e Torre.

 

Não obstante a perturbação dos habitats naturais pela pressão antrópica, resultante da aproximação da área edificada e das parcelas de cultivo, ainda encontramos zonas húmidas preservadas com vegetação arbórea densa e prados de gramíneas e musgos, com presença de Molinia e Sphagum spp.

Quanto à flora herbácea higrófila que surge nas beiradas das margens ou em clareiras do bosque-galeria, há a assinalar comunidades herbáceas, tipo arrelvados, de espécies de ciclo anual onde predominam gramíneas, e comunidades de ervados mais estáveis onde se inserem espécies aromáticas e medicinais tipicamente ribeirinhas, de grande valor botânico e ecológico como o poejo (Mentha pulegium L.), a hortelã-das-pântanos (Preslia cervina (L.) Opiz), o mentastro (Mentha suaveolens Ehrh), a hortelã-de-água (Mentha aquatica L.) e o marroio-de-água (Lycopus europaeus L.).