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Pontos de Interesse

Pias salineiras do Canto Marinho

As pias salineiras de Canto Marinho constituem um núcleo de excecional valor histórico-arqueológico no que concerne à exploração de sal na Idade do Ferro e Romanização no litoral norte de Portugal. O elevado número de pias ou gamelas que se concentra ao longo de um vasto conjunto de afloramentos rochosos, localizados na parte sul da praia numa extensão linear aproximada de 1000 metros, assim como a diversidade morfológica destas estruturas escavadas fazem de Canto Marinho um caso verdadeiramente paradigmático.
As pias ou gamelas estariam localizadas sempre acima da linha de preia-mar, evitando que esta as inundasse quando atingisse a cota máxima. Daqui se depreende que funcionariam através de um sistema de inundação indireta, segundo o qual os exploradores de sal inundariam as pias com água que transportavam desde o mar. Cronologicamente, estudos realizados sobre a temática, apontam para que este tipo de estrutura e técnica de exploração de sal fosse o mais disseminado em época pré-romana (Almeida, C., 2005). Estas estruturas possuem formatos diversos e irregulares desde o sub-retangular, trapezoidal ou mesmo semicircular. A sua profundidade, também variável, oscilando mais frequentemente entre 5 a 10 cm (Almeida, 2009, p. 145), revela apenas o objetivo de conter uma quantidade mínima de água que permitisse uma fácil e rápida evaporação. As pias foram cavadas na rocha através de um processo de picagem, certamente com recurso a instrumentos em ferro, apesar de não serem detetadas marcas de construção devido ao processo erosivo a que estão expostas.
Encontram-se identificadas mais de 700 pias salineiras, número que poderá ter sido ainda mais expressivo se considerarmos que muitas das estruturas primitivas podem estar irreconhecíveis ou danificadas pelo efeito de fatores como a natural deposição sedimentar e detrítica, a forte erosão dos rochedos expostos a ventos constantes, à ação das ondas na preia-mar e a intervenção humana ao longo dos tempos.
A localização geoestratégica das pias salineiras de Canto Marinho pode estar relacionada com a proximidade de três habitats da Idade do Ferro. A uma distância inferior a 40 minutos encontra-se o Castro da Corôa e a 30 minutos os povoados de Montedor e do Pêgo. Qualquer um destes castros teria certamente interesse na exploração destas salinas.