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Pontos de Interesse

Farol de Montedor / Castro do Alto de Montedor

O farol de Montedor, o mais setentrional da costa portuguesa, viu a sua construção ser repetidamente adiada, embora desde cedo se fizesse sentir a sua necessidade.

Na segunda metade do século XVIII, a carência de faróis costeiros para apoio à navegação impulsionou o plano pombalino de edificação de seis faróis, inscrito no Alvará da Junta Geral da Fazenda do Reino, de 1 de fevereiro de 1758: Berlengas, Nossa Senhora da Guia, Fortaleza de S. Lourenço (Bugio), S. Julião da Barra, Barra do Porto e costa de Viana (Montedor). Não obstante, nenhum destes faróis viria a ser concretizado ao abrigo deste alvará.

Na segunda metade de oitocentos, o inspetor de faróis, capitão de fragata e engenheiro hidrógrafo, Francisco Maria Pereira da Silva, no seu “Projecto de alumiamento marítimo para a costa de Portugal – descrição dos pontos ao longo da costa onde mais convém estabelecer novos pharóes”, datado de 1872, incluiu, efetivamente, Montedor entre esses pontos: “Montedór – É a primeira posição escolhida, principiando do norte, por ser a mais vantajosa d´aquella nossa costa marítima para estabelecer um pharol, que ficará a 30 milhas do pharol das ilhas Cies ou de Bayona”.

O Plano Geral de Alumiamento e Balizagem das Costas Marítimas e Portos do Continente e Ilhas Adjacentes, aprovado em 1883, na sequência de uma proposta de lei assinada por Fontes Pereira de Melo e Hintze Ribeiro, determina a construção em Montedor de um farol de 2ª ordem, elétrico, de três clarões brancos, acompanhado de um sinal de nevoeiro (sino tocado por movimento de relojoaria).

No entanto, o programa de construção do farol de Montedor somente começa a tomar forma no seio de uma Comissão nomeada pela portaria nº 10, de 28 de outubro de 1902, do Ministério da Marinha e Ultramar. Em sessão de 9 de julho de 1903, é definitivamente determinada a localização e o equipamento a instalar em Montedor (Autoridade Marítima Nacional).

O projeto, da autoria do engenheiro José Ribeiro de Almeida, foi ultimado em 1908 e orçado em vinte e dois contos de reis. A obra viria a concluir-se em 1910, data em que o farol começou a funcionar, conforme reza o Aviso aos Navegantes nº 2, de 22 de fevereiro de 1910, para testes.

Possui uma torre de secção quadrangular, com 28 metros de altura, edifício anexo e encontra-se a uma altitude de 103 metros acima do nível médio das águas do mar. A cobertura apresenta um telhado semicircular, rematado por um cata-vento metálico. No interior, destaca-se a escada elipsoidal e a guarda da torre, em balaústres metálicos e corrimão em cobre. Dentro da cúpula cilíndrica, metálica e pintada de vermelho, foi-lhe instalado um aparelho lenticular de Fresnel de 3ª ordem, produzindo grupos de três relâmpagos brancos de 10 em 10 segundos, alcançando 26 milhas em tempo claro. O aparelho iluminante era um candeeiro de nível constante de 4 torcidas, funcionando a petróleo. Em 1926, o grupo de 3 relâmpagos foi reduzido para 2, para não se confundir com o farol de Leça.

Ao longo do tempo recebeu diversas beneficiações no sentido da sua modernização. Em 1936, passa a funcionar com incandescência pelo vapor de petróleo. Foi construída uma casa para o radiofarol em 1939 e instalado o mesmo em 1942, desativado em 2001 por ter perdido o interesse para a navegação. 

Usufruiu da ligação à rede elétrica de distribuição pública em 1947, passando a utilizar uma lâmpada de 3000W. A potência da fonte luminosa foi reduzida em março de 1983, sendo instalada uma lâmpada de quartzline de 1000W. 

Em 1952, foi desmontado o sinal sonoro a ar comprimido e montada uma sereia elétrica. A 4 de dezembro de 1987, o farol foi automatizado, tendo sido equipado com um novo sinal sonoro. 

É o farol mais setentrional de Portugal, a 7 milhas da foz do rio Minho, cruzando com o farol das Ilhas Cies, na entrada da Ria de Vigo e com o farol da barra do rio Douro, no Porto.